Caramujos límnicos como bioindicadores de qualidade ambiental ! ...

11-07-2011 22:11

 

 

 

MOLUSCOS COMO BIOINDICADORES DE QUALIDADE AMBIENTAL

 

https://www.conchasbrasil.org.br/curiosidades/default.asp?recid=8

 

 

CARAMUJOS POMACEA NA CONDIÇÂO DE BIO-INDICADORES DE QUALIDADE AMBIENTAL

 

A literatura histórica zoológica brasileira geral disponível textualmente escreve o seguinte (sic): 

"... O aruá não desempenha papel de qualquer forma interessante no ambiente em que vive; poucos são os animais que dele se nutrem ..." (IHERING 1968: 112)

Obviamente, esta foi uma histórica percepção errada sobre o importante papel destes interessantes moluscos gastrópodes no meio ambiente, situação hoje mudada ante a óptica do conhecimento científico contemporâneo.

 

Particularmente, a espécie Pomacea lineata (ver foto acima - para um conhecimento da espécie consultar GHESQUIERE 2001), e muito apreciada na alimentação humana, principalmente na região Norte do pais, onde os "Aruás-do-brejo ou de-banhado" são tidos como prato especial nas áreas onde aparecem abundantemente, servindo de alimentação de subsistência aos Nordestinos em tempos de seca: 

https://www.webanimal.com.br/cao/index2.asp?menu=curiosidade_arua.htm

Outras espécies vem sendo utilizadas como remédio popular (malacoterapia) 

https://www.biotemas.ufsc.br/volumes/pdf/volume193/p71a78.pdf

, assim como para o tratamento de ferimentos em animais domésticos - cavalos em particular.

 

No Estado de Santa Catarina, SC, existe pelo menos a presença de 2 espécies de aves, habitantes endêmicas de ambientes palustres/ paludícolas, o Gavião-caramujero ou Gavião-de-uruá (IHERING 1968: 113, 324), Rostrhamus sociabilis, recentemente registrado em áreas de manguezais da Ilha de Santa Catarina (NAKA & RODRIGUEZ 2000: 93), e o Carão, Aramus guarauna, conhecidas pela sua dependênca alimentar a base de moluscos aquáticos (malacófagos) prosobrânquios dos gêneros Pomacea e Marisa (ROSÁRIO 1996: 131 e 146), popularmente chamados de Aruá (IHERING 1968: 112-113), pelo que a sua presença em determinados ambientes aquáticos serve como indicador destes moluscos na área, aspectos estes previamente registrados na literatura malacológica e geral disponíveis (IHERING 1968: 203, 211, 324; SANTOS 1982: 91). Dita literatura registra ainda, textualmente, o seguinte (sic): 

“... A substituição dos banhados pelas riziculturas e a ampliação das pastagens até a orla das lagoas(*) são ameaças para a população deste gavião. Este alimenta-se exclusivamente do molusco aquático Aruá, do gênero Pomacea. A supressão das ciperáceas e outras macrófitas na orla das lagoas, contribui diretamente para a eliminação do habitat deste molusco e consequentemente, para a ausência da população local do gavião-caramujeiro (ROSÁRIO 1996: 131) ..." "... A ocorrência da espécie em Santa Catarina, concentra-se nas lagoas e banhados na região sul, onde a vegetação palustre encontra-se conservada. A alimentação básica da espécie são os moluscos aquáticos Aruá do gênero Pomacea e Marisa ..." "... A conservação dos pirizais nos banhados e nas orlas das lagoas são importantes para a vida destes moluscos e toda a cadeia trófica destes ambientes." (ROSÁRIO 1996: 146).

 

 (*)Obs.: A estos devemos agregar, para o Estado em particular, os frequentes aterros de banhados para efeitos de construção civil e urbanismo que acontecem na região costeira da Grande Florianópolis.

File:Pomacea canaliculata 01.JPG

Ainda, apresentam reconhecida importância no setor da "Saúde Pública", na condição de importantes aliados no combate/ controle de zoonoses:

 https://www.cienciamao.usp.br/dados/rec/_umcaramujonocombateaesqu.arquivo.pdf 

 

Pesquisadores da Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal - UNIDERP estudam caramujos dulcícolas prosobrânquios da familia AMPULLARIIDAE, gênero Pomacea, na região de Bonito, no Estado de Mato Grosso do Sul, MS, pela sua condição de organísmo sensível à poluentes, o que serve como indicador (bio-indicador) da qualidade das águas:

"... quando sua populacao diminui, algo de estranho esta deve estar ocorrendo com a água." (SABINO 2001: 67). 

https://homologa.ambiente.sp.gov.br/EA/encontro_agua_1106/jaboticabal/palestras/BarbaraLSchiavetti_ToxicidadeGlifosato-caramujo.pdf

  

Referências:

 

+ GHESQUIERE, S. 2001. Apple snails. Available online at: https://www.applesnail.net

+ IHERING, R. Dicionário dos animais do Brasil. São Paulo, SP: Universidade de Brasilia, 1968, 790 p.

+ NAKA, L. N. & RODRIGUES, M. As Aves da Ilha de Santa Catarina. Florianópolis, SC: Editora da UFSC, 2000, 294 p.

+ ROSÁRIO, L. A. do. As aves em Santa Catarina, distribuição geográfica e meio ambiente. Florianópolis, SC: FATMA, 1996, 326 p.

+ SABINO, J. 2001. A fauna das águas claras de Bonito. Revista GALILEU, Ano 11, no. 122, Setembro de 2001, pp. 64-67. Disponível em: https://www.bonitoweb.com.br/riodaprata/BONITO-ECOTURISMO-REPORTAGENS-78-A+FAUNA+DAS+AGUAS+CLARAS+DE+BONITO+++REVISTA+GALILEU+SET+2001.htm

+ SANTOS, E. Moluscos do Brasil, Vida e Costumes. Belo Horizonte, MG: Editora Itatiaia Limitada, Coleção Zoologia Brasílica, Vol. 7, 1982, 142 p.