Conquiliologia - Aspectos gerais do seu conhecimento ! ...
CONQUILIOLOGIA
Pesquisa – Lucro – Cultura – Lazer – Paixão
Conforme a lexicologia disponível na literatura malacológica especializada (Oliveira & Oliveira 1999: 57, 59, 145), CONCHA é uma concreção dura e calcária que geralmente reveste o corpo de certos Moluscos, ou entra na estrutura interna de outros, sendo que a denominada CONQUILIOLOGIA é um ramo da Zoologia que se dedica à descrição e classificação dos Moluscos, baseado precisamente no estudo de sua parte dura (ou seja da CONCHA); ou bem mais simplesmente, a Ciência ou parte da História Natural que trata ou estuda as CONCHAS (o mesmo que CONCHOLOGIA), terminologia esta pela sua vez intimamente ligada a MALACOLOGIA, nome dado ao ramo da Zoologia que se dedica ao estudo dos Moluscos (Phylum Mollusca), animais de corpo mole em geral providos de CONCHA.
A justificativa e motivação pelo estudo e conhecimento das CONCHAS e dos seus notáveis produtores encontra-se magistral e nitidamente refletido na literatura malacológica (Santos 1955: 111-116; Tinoco 1977; Santos 1982: 119-124; Domaneschi & Narchi 1985; Oliveira & Almeida 2000: 9-11; Coltro 2001: 44; Schirrmeister 2001; Cipriani 2003; Thomé 2003; Gomes 2009), cuja influencia abrangente vem sendo objeto de interesse e atenção desde os primórdios da humanidade, em tempos pré-históricos, se misturando e atingindo até hoje áreas amplamente diversificadas e setores bem opostos da atividade humana, tais como a Zoologia, a Paleo-Arqueologia, a Saúde em geral (= Endemias, Toxicologia, Alimentação/ Nutrição, Medicina), a Física e a Matemática, a Engenharia, as Artes e a Heráldica (Emblemas de Brasão), a Filosofia, a Economia e a Industria, além do simples ato de Passatempo ou Lazer denominado "Colecionismo", que pode ser Amador ou Profissional, conforme o grau de intensidade com que o mesmo é praticado.
Atividade Conquiliológica no Brasil
Historicamente, entre os anos de 1865 a 1866, o Conquiliologista (ou Conchologista) estadounidense John S. (... ou C. ?) Anthony, vindo ao Brasil na expedição de Louis Agassiz, entre outros materiais de História Natural, levou milhares de conchas do Brasil, hoje depositadas no "New York American Museum" (Oliveira & Almeida 2000: 50; Oliveira 2001: 53), sendo o primeiro especialista conhecido do ramo em coletar no território brasileiro.
Em qualquer lugar do planeta (principalmente nas regiões insulares e costeiro-litorâneas), nenhuma outra atividade relativa ao campo das "Ciências Naturais" possui na prática a capacidade apresentada pela Conquiliologia para combinar, num molde só, importantes feitos paralelos, quais sejam: a sustentação de uma apaixonante atividade cultural (reconhecido e histórico passatempo mundial), tal e como é o "Colecionismo de Conchas", e a lucratividade do "Comercio de Conchas" (fonte econômica de base "Extrativista" que movimenta milhares de dólares a nível Internacional), gerando paralelamente incentivo a "Pesquisa Científica", movimentação prol sensível "Conservação do Meio Ambiente", além de empregadas como matéria prima na fabricação/confecção de botões pela Industria Téxtil e amplamente requisitadas para elaboração de Peças de Artesanato e Obras de Arte em geral.
No Brasil, a atividade Conquiliológica em geral antes descrita encontra conveniente e imediata representação através de duas (2) importantes e reconhecidas entidades: o Clube dos “CONQUILIOLOGISTAS DO BRASIL - CdB" < https://www.conchasbrasil.org.br > e sua paralela comercial FEMORALE < https://www.femorale.com.br >, ambas sediadas na cidade e Estado de São Paulo (SP).
Particularmente, no Estado sulino de Santa Catarina – SC o comercio de Conchas de Moluscos se fundamenta (conforme vêm sendo observado nestes últimos anos), basicamente, em espécies gastrópodes marinhas, sendo que formas continentais são representadas, freqüentemente, apenas por 3 espécies terrestres da família MEGALOBULIMIDAE ocorrentes no meio ambiente do Estado: Megalobulimus oblongus (Müller, 1774), Megalobulimus haemastomus (Scopoli, 1786) e, ocasionalmente, Megalobulimus gummatus (Hidalgo, 1870) - foto a seguir - (Agudo-Padrón 2010: 34-35), obviamente por causa do seu tamanho avantajado em relação a outras espécies.
Eventualmente -- cada vez com maior frequência no âmbito -- ainda observam-se espécimes do polêmico caracol exótico invasor africano Achatina (Lissachatina) fulica (Bowdich, 1822).
Mais recentemente, vêm sendo ainda observado – tanto em Santa Catarina (SC) como no vizinho Estado do Paraná (PR) – a também utilização de conchas de grandes Bivalves Náiades (Límnicos/ de Água Doce), particularmente da espécie Anodontites trapesialis Lamarck, 1819, como elemento de base para a confecção de “Zooartesanatos”.
Importante comercio exclusivo de "Conchas Marinhas Regionais Catarinenses" localiza-se na “Vila da Guarda do Embaú” (Agudo-Padrón & Bleicker 2009), no Município Palhoça da Grande Florianópolis, a cargo do Biólogo Mário Saraiva Bleicker (... o “Mário das Conchas” !), um dos poucos centros Conquiliologistas sediados no litoral do Estado, voltado integralmente ao estudo científico sistemático, a produção de artesanatos e o fornecimento profissional de peças brasileiras para pesquisadores e colecionadores, nacionais e internacionais.
Finalmente, outros importantes aspectos técnicos relativos ao tema da CONQUILIOLOGIA encontram-se no seguinte link:
https://en.wikipedia.org/wiki/Gastropod_shell
Referências:
+ Agudo-Padrón, A.I. 2010. The mollusc fauna of Santa Catarina State, Southern Brasil: knowledge gained from 13 years of research. IUCN/SSC Internet Newsletter Tentacle, (18): 32-37. Available online at: https://www.hawaii.edu/cowielab/tentacle/Tentacle_18.pdf
+ Agudo-Padrón, A.I. & Bleicker, M.S. 2009. Malacological research in the "Serra do Tabuleiro" Ecological State Park, Santa Catarina's State, SC, Southern Brasil. IUCN/SSC Internet Newsletter TENTACLE, (17): 9 - 12. Available online at: https://www.hawaii.edu/cowielab/tentacle/tentacle_17.pdf
+ Cipriani, R. 2003. Modelando las conchas de los moluscos, o la búsqueda de la espiral perfecta. Rio de Janeiro, RJ: Resumos XVIII Encontro Brasileiro de Malacologia - XVIII EBRAM, 21 a 25 de Julho de 2003, pp. 2-3.
+ Coltro, M.V. 2001. Preservacionismo x Colecionismo, p. 44. In : Conus, as conchas venenosas ! . São Caetano do Sul, SP: Revista "Colecione", Ano I, no. 4, pp. 43-45.
+ Domaneschi, O. & Narchi, W.. 1985. Conchas - Jóias da Natureza. Rio de Janeiro, RJ : Revista Geográfica Universal, No. 128, Julho de 1985, pp. 40-51.
+ Gomes, S.R. 2009. Lesma, semi-lesma ou caracol ?. Informativo SBMa, Rio de Janeiro, 40(168): 6-7.
+ Oliveira, M.P. de. 2001. Ignoto da Rapacidade, pp. 27-56. In: Dois Arrazoados. Juiz de Fora, MG: Editar Editora Associada, 56 p.
+ Oliveira, M.P. de & Almeida, M.N. de. 2000. Malacologia. Juiz de Fora, MG: Editar Editora Associada, 216 p.
+ Oliveira, M.P. de & Oliveira, M.H.R. de. 1999. Dicionário Conquílio Malacológico. Juiz de Fora, MG: Editora UFJF, 260 p.
+ Tinoco, R.M. 1977. As conchas vistas por dentro. Rio de Janeiro, RJ: Revista Geográfica Universal, No. 29, Fevereiro de 1977, pp. 78-89.
+ Thomé, J.W. 2003. Natureza e amor, observações sobre a nascente biofilosofia. Rio de Janeiro, RJ: Resumos XVIII Encontro Brasileiro de Malacologia - XVIII EBRAM, 21 a 25 de Julho de 2003, pp. 10-12.
+ Santos, E. 1955. Moluscos do Brasil. Rio de Janeiro, RJ: F. Briguiet & Cia, Editores, 135 p.
+ Santos, E. 1982. Moluscos do Brasil (Vida e Costumes). Belo Horizonte, MG: Editora Itatiaia Limitada, 142 p.
+ Schirrmeister, E. 2001. As Classes Zoológicas das Conchas. São Caetano do Sul, SP: Revista "Colecione", Ano I, no. 2, pp. 58-60.