Após 11 anos, a Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul confirmou neste sábado (7) que foi reencontrado, em área preservada do Parque Estadual Delta do Jacuí, uma espécie de marisco de água doce ameaçada de extinção, conhecida cientificamente como Leila blainvilliana. A constatação ocorreu em dezembro, durante estudos para a elaboração do plano de manejo do parque.
O molusco está em perigo de extinção, segundo as listas de espécies ameaçadas regional e nacional. Por possuir hábito filtrador e por viver enterrado no sedimento é um indicador biológico da qualidade das águas no ambiente onde vive.
A constatação surpreendeu os pesquisadores, pois a espécie sobrevive a ação do mexilhão-dourado (Limnoperna fortunei), introduzido na região via casco de navios, em 1998. O invasor fixa-se na superfície da concha, matando os exemplares de Leila por sufocamento. O mexilhão-dourado é considerado a principal ameaça à sobrevivência deste marisco.
O Parque abriga outras espécies ameaçadas, como exemplares de peixes anuais, esponjas de água doce, além de algumas aves e mamíferos. Segundo a pesquisadora do Museu de Ciências Naturais, Ingrid Heydrich, para garantir a sobrevivência dessas espécies é necessário investir na despoluição, como tratamento de esgotos, controle do mexilhão-dourado e rigor no licenciamento de empreendimentos junto às margens do delta.
Onde vive – O marisco de água doce vive enterrado no fundo arenoso, deixando apenas uma pequena porção da concha fora da areia para respirar e filtrar o alimento. No Rio Grande do Sul, Leila blainvilliana ocorre, principalmente, no Guaíba (maior número de registros), no curso inferior do rio Jacuí e em afluentes do curso médio do rio Uruguai. Apesar da ampla distribuição geográfica, as populações deste marisco de água doce são muito pequenas e esparsas. Além disso, o número de exemplares tem decrescido rapidamente em função do mexilhão-dourado.
(Fonte: Portal Terra)
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