Situação atual da efetiva conservação de moluscos gastrópodes terrestres no Brasil ...!

20-10-2012 15:57

 

 

SITUAÇÃO ATUAL DA EFETIVA CONSERVAÇÃO DE MOLUSCOS GASTRÓPODES TERRESTRES NO BRASIL

 

https://smtpilimitado.com/kennel/caracol14.pdf

 

 

A. Ignacio Agudo-Padrón

Projeto Avulsos Malacológicos – AM

Caixa Postal 010, 88010-970 Centro, Florianópolis, SC, Brasil

ignacioagudo@gmail.com

https://noticias-malacologicas-am.webnode.pt/   

 

               Resumidamente falando, atualmente são conhecidas ao redor de 700 espécies de moluscos gastrópodes continentais terrestres para os territórios geográficos do Brasil e da América do Sul em conjunto. Destas, apenas “11 espécies terrícolas nativas” constam oficialmente na Lista e Livro Vermelho (págs. 468 – 479) da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção, assim como nos conseqüentes “Reflexos Legislativos, Monográficos Estaduais e Mapas Temáticos” paralelamente gerados (ver os Links a seguir), pertencentes todas a subclasse PULMONATA e ordem STYLOMMATOPHORA, incluídas nas famílias Bulimulidae (2 espécies), Megalobulimidae (5 espécies), Streptaxidae (1 espécie) e Strophocheilidae (3 espécies) (ver TABELA 1) –

 

https://www.mma.gov.br/estruturas/179/_arquivos/vol_i_invertebrados_terrestres.pdf   –

 

https://www.icmbio.gov.br/portal/biodiversidade/fauna-brasileira/lista-de-especies.html  –

 

ftp://geoftp.ibge.gov.br/mapas_tematicos/mapas_murais/insetos_2007.pdf  –

 

... mesmas que pela sua vez (... não todas, “contraditoriamente” !) encontram-se devidamente relacionadas nos Cadastros de Espécies Ameaçadas de Extinção da “União Internacional para Conservação da Natureza – IUCN” – https://www.iucnredlist.org/search (ver TABELA 1).   

 

               Obviamente, ditos anteriores números resultam - na prática - criticamente fracos e altamente subestimados ...

 

               Hoje é consenso geral entre os que trabalhamos com o grupo dos gastrópodes continentais em particular que “... todas as espécies de moluscos nativas brasileiras estão em séria ameaça de extinção ... inclusive espécies que nem chegamos a conhecer ...”

 

–  https://www.usp.br/jorusp/arquivo/2006/jusp783/pag07.htm   –

 

               Os motivos pelos quais aquelas ínfimas “11 espécies” já fazem parte da Lista, Livro Vermelho e Mapeamento antes comentados são “muito bem conhecidos” de todos nós:

 

... a destruição e alteração dos ambientes naturais, provocada principalmente pelo desmatamento e a disseminação de plantações agrícolas, envolvendo a crescente paralela utilização indiscriminada de agrotóxicos, somado tudo isso à sensível falta de estudos que apontem efetivamente para o conhecimento do tamanho das suas populações remanescentes na natureza.

 

               Cabe salientar, ainda, o fator da introdução de espécies exóticas para fins comerciais, tais como Achatina (Lissachatina) fulica (Bowdich, 1822),  gastrópode terrícola natural da África que acabou se alastrando em vida livre/ silvestre por todo o vasto território da União, ... e além.

 

               Acredita-se hoje firmemente que a introdução de formas exóticas é uma das mais sérias ameaças que a nossa malacofauna enfrenta – tanto quanto a galopante degradação/ descaracterização antrópica dos ambientes naturais previamente comentada ...

 

... porém, e a raiz das precipitadas tentativas públicas “mal orientadas” visando a erradicação e controle dessa espécie alienígena em particular da natureza, surgiu com grande e crescente força no âmbito nacional (... desde pelo menos o ano de 2003 !) mais uma outra “inesperada e séria ameaça” para nossa já sofrida e vulnerável fauna de moluscos nativos e endêmicos:

 

... a sua “inconsciente destruição a mãos do povo,  apavorado por campanhas públicas verdadeiramente terroristas conduzidas através de “sensacionalistas” meios jornalísticos de comunicação social”, que apontam “indiscriminadamente”, sem nenhum critério sopesado ou fundamento técnico razoável na prática, todo “caracol” que se aparece pela frente como “um perigoso – demoníaco – inimigo a ser rapidamente banido/ destruído sem piedade nem dor” (... é a paródica e revoltante “miopia expressa e contraditória” que prevalece ante a que deveria ser uma efetiva “defesa e conservação” das nossas cientificamente pouco conhecidas espécies de caracóis neotropicais !).

 

https://noticias-malacologicas-am.webnode.pt/news/new-short-brazilian-malacological-communication-available-/

 

               O modesto referencial apresentado a seguir, que concentra “a modo de exemplo didático” a situação particularmente vivenciada na região Centro-Sul do Brasil, no Estado de Santa Catarina/ SC, reflete em grande parte a situação geral ventilada para o território brasileiro em geral, mesma que precisa da urgente imediata atenção, intervenção e “necessário esclarecimento público” na prática por parte das autoridades correspondentes a procura conjunta de soluções verdadeiramente efetivas, sopesadas e viáveis que possam resolver o “catastrófico conflito ambiental ora em andamento”, mesmo antes de que seja tarde demais:  

 

+ AGUDO-PADRÓN, A.I. 2009. Endangered continental mollusks of Santa Catarina State, Southern Brazil: an brief overview. FMCS Newsletter Ellipsaria, Illinois, 11(2): 7-8. Available online at: https://molluskconservation.org/EVENTS/ELLIPSARIA/Ellipsaria2009_112.

 

+ AGUDO-PADRÓN, A.I. 2011. Mollusc fauna of Santa Catarina State, Central Southern Brasil: current state of knowledge. IUCN/SSC Internet Newsletter TENTACLE, Hawaii, (19): 22-24. Available online at: https://www.hawaii.edu/cowielab/tentacle/Tentacle_19.pdf

 

+ AGUDO-PADRÓN, A.I. 2011. The continental molluscs of Santa Catarina State, Central Southern Brasil: need for more population studies. IUCN/SSC Internet Newsletter TENTACLE, Hawaii, (19): 24-26. Available online at: https://www.hawaii.edu/cowielab/tentacle/Tentacle_19.pdf

 

+ AGUDO-PADRÓN, A.I. 2011. Mollusca and environmental conservation in Santa Catarina State (SC, Southern Brazil): current situation. Biodiversity Journal, Palermo, 2(1): 3-8. Available online at: https://www.biodiversityjournal.com/pdf/2_3-8.pdf

 

+ AGUDO-PADRÓN, A.I. 2011. Current knowledge on population studies on five continental molluscs (Mollusca, Gastropoda et Bivalvia) of Santa Catarina State (SC, Central Southern Brazil region). Biodiversity Journal, Palermo, 2(1): 9-12. Available online at: https://www.biodiversityjournal.com/pdf/2_9-12.pdf

 

+ AGUDO-PADRÓN, A. I. 2011. Threatened freshwater and terrestrial mollusks of Santa Catarina State, Southern Brazil (Mollusca, Gastropoda et Bivalvia): check list and evaluation of regional threats. Biodiversity Journal, Palermo, 2(2): 59-66. Available online at: https://www.biodiversityjournal.com/pdf/2_59-66.pdf

 

+ AGUDO-PADRÓN, A. I. 2011. Moluscos e conservação ambiental no Estado de Santa Catarina, SC, região Central Sul do Brasil: avaliação da situação atual do seu conhecimento. Fortaleza, CE: Resumos XXII Encontro Brasileiro de Malacologia - XXII EBRAM, Setembro 4 a 8 de 2011, no. 061 - Biodiversidade: 213. Disponível em: https://noticias-malacologicas-am.webnode.pt/news/resumo-xxii-ebram-nordeste-setembro-2011-/

 

+ AGUDO-PADRÓN, A.I. 2011. About the threatened freshwater mollusk fauna of the Itajaí-Açu river basin valley, Santa Catarina's State, SC, Central Southern Brazil. FMCS Newsletter Ellipsaria, Illinois, 13(4): 33-37. Available online at: https://molluskconservation.org/EVENTS/ELLIPSARIA/EllipsariaDec2011.pdf

 

+ AGUDO-PADRON, A.I. 2012. Conservation of endemic land snails in southern Brasil: new records of alien european slugs in the highlands of Santa Catarina State. IUCN/SSC Internet Newsletter TENTACLE, Hawaii, (20): 24-25. Available online at: https://www.hawaii.edu/cowielab/tentacle/Tentacle_20.pdf

 

+ AGUDO-PADRÓN, A.I. 2012. Conservation situation of native land snails threatened by “actions for eradication” of exotic species in Brazil, South America. Biological Evidence, Canadá, 2(1): 1-2. Available online at: https://bio.sophiapublisher.com/html-464-40-be

 

 

Devagar.png

 

TABELA 1.-  ESPÉCIES NATIVAS DE CARACÓIS TERRÍCOLAS CONSTANTES NA LISTA,  LIVRO VERMELHO E MAPA DA FAUNA BRASILEIRA AMEAÇADA DE EXTINÇÃO

=================================================================

==========================================

 

     ESPÉCIE                                        CATEGORIA IUCN 2012

BULIMULIDAE      

Tomigerus (Biocotus) turbinatus              Não Consta

Tomigerus (Digerus) gibberulus                Não Consta

 

MEGALOBULIMIDAE                      

Megalobulimus cardosoi                               EX

Megalobulimus grandis                                 CR

Megalobulimus lopesi                                    EN

Megalobulimus parafragilior                         EN

Megalobulimus proclivis                                CR

 

STREPTAXIDAE                             

Rectartemon depressus                           Não Consta

 

STROPHOCHEILIDAE                    

Gonyostomus henseli                              Não Consta

Gonyostomus insularis                                  VU

Mirinaba curytibana                                  Não Consta

 

=========================================================

===========================================================================

 

 

 

               “Na escala lógica global de prioridades quanto ao quesito “conservação”, os moluscos límnicos/ de água doce certamente representam imediatamente a parcela mais ameaçada no meio ambiente natural, a raiz das inúmeras ações antrópicas que inconseqüentemente vem sendo geradas, seguidos pelas espécies terrícolas/ terrestres e, num último lugar, pelas formas marinhas; ... porém, e contraditoriamente, por regra geral na pratica do exercício técnico avaliativo toda vez que o item “situação de conservação de moluscos no Brasil” é abordado, quase que invariávelmente o centro imediato das atenções fica dirigido, tradicionalmente em primeira instância, às espécies marinhas, seguidas logo depois pelas formas continentais dulcícolas, restando apenas o último lugar no escalão do interesse para os representantes terrícolas, situação que imediatamente explicada/ justificada, na ponta da língua, pela “epidêmica falta de pesquisadores e incentivos voltados ao estudo deste grupo”, assim como pela conseqüente falta de necessários “dados ecológicos e populacionais”, prevalecendo assim o sensível e preocupante desconhecimento hoje nitidamente refletido nos catálogos, livros e listas vermelhas de fauna ameaçada de extinção disponíveis ...” 

 

     A. Ignacio Agudo-Padrón

 

 

Novas Publicações Disponíveis ...!